A expansão marítima e a busca de novos comércios em outros continentes iniciaram o que séculos mais tarde chamaríamos de globalização. Relações comerciais entre Europa, Índia e países do Oriente construíram o berço do desenvolvimento econômico e da atuação de exploração comercial entre as nações. Muitos fatores começaram a contribuir com o lento processo de intercâmbio que no século XX cresceu de forma impressionante e com grande rapidez, tais como: o intercâmbio socioeconômico entre os povos, a ampliação de novos consumidores, compra e venda de novos produtos, estabelecimento de colônias, busca de manufaturas e extensão de um mercado homogêneo.
Mudanças no modo de vida, de pensar e de agir começaram a ser empregados por uma ideologia de unificação de culturas. Os EUA se destacaram saindo na frente usando todo o seu poder para universalizar a língua inglesa; na economia, o dólar estava presente nas negociações mundiais. Paralelo a isso, a rápida evolução no campo da informática travou uma guerra de negócios entre empresas americanas, o que gerou uma filosofia para uma nova Era baseada na história do Livro 1984, a “revolução” da informática
(1) chegou quebrando a utopia e contribuindo com a integração entre os grandes negócios no mundo.
Uma nova visão política começou a ser adotada com a idéia de integração entre países, surgiram novas tendências de acordos internacionais dando inicio ao nascimento dos blocos econômicos a fim de gerar um liberalismo no âmbito socioeconômico e promover assim a abertura de um mercado unificado, dando ênfase ao consumismo e às relações multiculturais dos países envolvidos. Neste contexto, surgiram a
União Européia, o Mercosul, a Comecom, o NAFTA, o Pacto Andino e a Apec. Estes blocos se fortalecem cada vez mais e já se relacionam entre si. Desta forma, cada país, ao fazer parte de um bloco econômico, consegue mais força nas relações comerciais internacionais.
O Brasil, por sua vez, foi se inserindo naturalmente dentro da globalização. No início, totalmente enfraquecido pela dívida externa, pelo descontrole da economia que andava de mãos dadas com as desigualdades sociais, o país começou a sofrer imposições políticas na economia pelos órgãos financeiros internacionais com o intuito de mantê-lo no âmbito financeiro mundial. Inicia-se, a partir disso, uma nova formulação administrativa seguindo um modelo de repasses de controles administrativos. O objetivo foi tornar cada estado brasileiro em uma espécie de acionista sem ônus nas estatais públicas. Era, a então chamada, preparação da base para as privatizações. Ao mesmo tempo, preocupados com o possível não pagamento das dívidas, os blocos econômicos em consenso começaram a elaborar medidas para criar condições para os países endividados pagarem seus débitos, e assim retomarem seus processos de crescimento.
(2) No final da primeira metade da década de 90, o Brasil dá o pontapé inicial privatizando estatais e aderindo às imposições do FMI. O neoliberalismo entra no país e fixa suas raízes nas estruturas da economia.
O que se esperava de crescimento para os países devedores e principalmente para o Brasil não foi totalmente atingido, gerando portanto uma corrente constante de desemprego, salários defasados e a continuidade de concentração de riquezas. Novas políticas são projetadas e o FMI surge carregando a função de chefe econômico mundial e enfraquecendo os estados devedores com as imposições de novas medidas, submetendo os países devedores às vontades do mercado. Os olhares voltavam-se também para a exclusão social, quando surgiu um novo modelo fazendário no Brasil, de onde nasceu uma nova moeda, o Real, criado pelo então ministro Fernando Henrique Cardoso, que mais tarde eleito presidente, fortaleceu o novo sistema monetário do país. Uma das principais medidas que começou a ser posta em prática foi o combate à inflação e o aumento dos juros tendo como objetivo a queda do consumismo gerando uma conseqüente diminuição dos preços de bens e serviços. Aparentemente o país começou a se apresentar mais fortalecido em relação a outras épocas. Com uma moeda forte, inflação controlada e preços e salários fixados, os consumidores se sentiram mais seguros para usufruir dos bens e serviços dispostos na economia. Inicia-se a partir daí um novo período da globalização. A independência nos negócios empresariais surge libertando o grande apoio ao mercado externo
(3). A concentração de riquezas não sofreu o feito teórico da globalização e em sentido contrário ficou mais forte, conseqüentemente a exclusão social que as vistas da estabilidade da economia começaria diminuir teve tendência a crescer mais ainda. Esse reforço no capitalismo pela globalização tornou os países devedores, e em especial o Brasil, campo promissor para facilitar transações comerciais globais com exploração de mão-de-obra barata.
Desde então, a conjuntura brasileira tornou-se adaptável com os novos programas de governo que surgiram, promovendo, aos poucos, uma vaga independência financeira, que se formalizou dando uma visão de que no Brasil, os fenômenos de globalização ficaram mais concentrados no poder econômico e no consumismo. Visão esta que dá a impressão de um país livre de dívidas e apto a negociar em vantagens uma comercialização com outros países que têm maior poder aquisitivo.
O Brasil começou, a partir daí, uma nova fase de crescimento. Já com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no primeiro momento, o contexto social foi bastante esmerado. Pegando uma carona na economia globalizada foram adotadas novas medidas voltadas para o social. O desejo de diminuir a exclusão era visível, mas o país sem preparação transformou isso em um lento processo, uma vez que
, imprevistos como a crise mundial, fizeram com que as progressões resultantes da supremacia econômica gerada pelas potências financeiras através do neoliberalismo e da globalização, que já estavam consolidadas, recuassem, provocando a desregulamentação da produção, do comércio e dos sistemas econômicos.
A repercussão da crise foi sentida de imediato nos mercados de ações, vindo a abalar as estruturas do desenvolvimento econômico do Brasil no campo dos empregos e de novos investimentos. Podemos dizer, então, que não foram sentidas conseqüências sociais extremamente graves, porque os mais atingidos com a crise prioritariamente foram os que não são responsáveis por ela - os trabalhadores e os mais pobres - através de um desemprego quase que maciço e uma enorme desestrutura nas novas contratações. A questão social começou a ficar mais sólida no âmbito econômico sendo conduzida para ajudar na reconstrução da estrutura econômica dissolvida pela crise, volta então à pregação do consumismo dando inicio a um novo modelo de globalização.
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Bibliografia
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ORWELL, George. Livro: 1984 – junho/1949
(1) Filme: Piratas do Vale do Silício / 1999 - Direção:
Martyn Burke(2) SANTOS, Milton (2000) Por uma outra globalização - op. cit. p.
(3) CASANOVA, Pablo González. Globalidade, neoliberalismo e democracia. 2000. p. 46 - 62.
GÓMEZ, José Maria. Globalização da política: mitos, realidades e dilemas. 2000. p. 45 - 61.
SINGER, Paul . Globalização e desemprego: diagnóstico político e alternativas. São Paulo: Contexto, 1999.